domingo, 18 de julho de 2010

Dia 04 (12/07/2010) – Último dia, já estou com saudades!

Olá Amigos! É com saudade que chegamos ao final de mais uma aventura!
Antes de iniciar meu “relato de viajante” queria deixar claro que este não é o último post sobre o “Projeto 2010 – Cidade de Goiás”, aqui postarei apenas o relatório do último dia de viagem, entretanto ainda postarei outros 3 tópicos sobre a viagem: um Slide Show com as melhores fotos da viagem, uma seção de HDR´s e por último, um guia fotográfico completo de informações e pontos turísticos sobre Goiás.
Existem muitas outras informações e fotografias que não postei ainda, guardei estes trunfos na manga propositalmente para este final.
Portanto, na percam os próximos posts!!! ;^)

Voltemos ao Projeto!

Nesta segunda feira acordei bem cedo, 06:15hs e, apesar de ainda estar espirando os ar de preguiça e descanso que a cidade me proporcionava era hora de retomar o curso normal da vida! As férias chegaram ao seu fim e o dever do dia seguinte me chamava a porta!

Foto 01 – Vista da janela do apartamento 02, no qual estava hospedado

Foto 02 – entrada da Pousada Buriti, parece minha casa

Depois de uma bela chuverada, quente e demorada, me arrumei para o último passeio para me despedir da cidade. Levei algo em torno de meia hora para organizar todas as coisas no bauleto e na bolsa para então partir.
As 07:15hs desci ao refeitório para tomar o último café e bater aquele papo agradável com o Sr. Camilo. Conversamos sobre família, sobre as coisas boas do passado – madrugadas dantanho, parolas de cupinchas velho, sobre a escassez de ócio para o homem que trabalhava na roça e sobre como os valores morais da sociedade tem mudado.
A conversa estava agradável mas tinha que partir...
Precisava abastecer e calibrar os pneus da moto, encontrar alguma loja de equipamentos para motos pois o “gênio” que vos escreve não levou graxa para a corrente da Terezona.
Ah, acabei esquecendo de contar, no dia anterior, em que fui para o balneário Santo Antônio, rodei alguns quilômetros por estrada de chão que estava extremamente poeirenta, poeira que grudou na corrente ressecando-a totalmente e pondo em risco sua integridade numa viagem de alta rotação e grande distância.
Dentro de meia hora estava tudo resolvido! Porem devo alertar que em Goiás só existe um lugar onde se pode encontrar calibrador eletrônico, que fica no outro lado do posto ALE, na GO-070, na primeira via de acesso a cidade de Goiás. O restante dos postos e borracharias só possuem compressor e calibrador manual com “aquela” precisão! E o posto ALE, referido é o único da cidade que aceita cartões de crédito/débito.
Terezona devidamente alimentada saí em direção ao centro histórico com aquele gostinho de “queria ficar mais um pouquinho”.
Me acostumei a estacionar a Terezona na praça central (a tal praça da discórdia histórica) na frente da Fazenda Real por que lá sempre tem gente passando e acabam vigiando ela por mim. Porém a cidade é super tranqüila, a unidade prisional tem uma população carcerário muito pequena, o que reflete o baixo índice de criminalidade.
Ao subir o Centro Histórico encontrei algo que nunca tinha percebido, apesar de passar por lá inúmeras vezes.

Foto 03 – Passo da Igreja da Boa Morte

Fiquei impressionado ao encontrar este Passo anexo a estrutura da Igreja. Talvez esta afirmação não lhes causem nenhum espanto, porém foi algo que me intrigou profundamente!
O Passo nada mais é do que uma capelinha, um oratório construído para que os viajante, bandeirantes e outros pudessem fazer suas preces enquanto estavam passando por algum lugar. O que me admirou é que nunca ouvi falar de um Passo construído por uma igreja; até onde sei, os Passos são construídos por devotos (particulares), de algum santo, na ausência de igrejas, para que ali prestassem seu culto.
Outra coisa que me impressionou é que nem mesmo os funcionários do Museu (que está sediado nas dependências da Igreja) souberam me explicar sobre aquela estrutura, sobre sua origem, função, apenas que atualmente estava sendo usada como “depósito”. Isso é algo que inquieta qualquer historiador! É algo que preciso voltar para pesquisar mais!
Continuando minha caminhada saudosista fui para o Quartel do XX, só em dias úteis que é aberto a visitação e só hoje poderia visita-lo.
Atualmente no Quartel do XX funciona uma escola profissionalizante do Estado, que oferece cursos na área de Informática, Restauração de construções históricas e Gastronomia.
Inclusive os alunos do curso de restauração são amplamente requisitados para restaurarem as edificações da cidade. Eu mesmo conferi o trabalho deles de perto. De muito bom gosto, diga-se de passagem!

Foto 04 – Quartel do XX

Foto 05 – Mureta interna do Quartel do XX

Foto 06 – Parte interna do Quartel do XX

Foto 07 – Em detalhe, espessura da parede da cela destinada aos presos

Foto 08 – Porta de cela destinada aos presos

Foto 09 – Chave da cela

Foto 10 – Trabalho dos alunos do curso de Restauração

Não há como deixar de perceber, na foto 06, a marca do tempo sobre o Quartel. Em detalhe podemos perceber que a água de uma goteira fez na pedra da parede. Se considerarmos que em Goiás só temos 4 meses chuvosos e que nem chove tanto assim, podemos obter a leitura de alguns séculos para que a natureza talhasse tal detalhe.
Outro detalhe é que já havia a prisão militar no Brasil Monárquico. O curioso é que a armação da grade é feito em madeira (Aroeira), unidos a pregos espessos de ferro. Se fosse nos dias de hoje, as “almas sebosas” fugiriam facilmente! Até brinquei com este comentário com a senhora que estava me apresentando o Quartel do XX. Ela afirmou que não iriam... Se ele soubesse minha profissão... Se ela conhecesse aquele “meninos custosos”...!
Adiante do Quartel podemos encontrar o antigo Correio de Goiás. Super interessante que apesar da tecnologia de ponta que podemos contar atualmente o correio parece que nunca será dispensado!

Foto 11 – Prédio dos Correios

Foto 12 – Caixa postal dos Correios

Ainda no distrito de Santana,próximo a Casa de Câmara e Cadeia encontrei uma casinha super simpática. Pena que não tinha ninguém lá, mas de qualquer forma deixo meus parabéns virtuais ao proprietário! Muito aconchegante... queria ela pra mim! (risos)
Da próxima vez que for lá quero descobrir quem é seu dono, quem construiu ela, qual sua história...

Foto 13 – Casinha colonial aconchegante

Me dirigindo ao Distrito do Carmo passamos por uma ponte sobre o Rio Vermelho. Neste caso, ao lado da casa de Cora Coralina. É incrível como existem tantos peixes em um rio tão raso! Dá uma vontade de pescar, adito, mas se eu pegar alguém fazendo isso lá vou ter que dar aquele puxão de orelhas! Deixem os peixinhos! São saborosos mas são ornamentais!

Foto 14 – Piau no Rio Vermelho

Já no Distrito do Carmo me dirigi a Igreja de Nossa Senhor do Rosário, sentei na escadaria e deixei tempo passar...
Não sei se consigo explicar o universo maluco no qual os historiadores vivem, mas fiquei lá sentado, deixando o tempo passar, olhando para aquelas casas antigas, seculares, e tentei imaginar os fatos dos quais elas foram testemunhas ao longo de tantos anos, tentei imaginar as pessoas que passaram por elas, como eram, o que faziam e como viviam as pessoas que viveram naquelas casas. E quantas pessoas devem ter sentado ali naquele mesmo local para fazer a mesma coisa que eu estava fazendo...
Ah se aquelas casas, paredes e a rua pudessem responder com palavras a tantas questões que incomodam minha curiosidade!
Mas fiquei ali, quieto e questionando em silencio apenas a mim mesmo, tentando fantasiar as respostas que na verdade nada mais eram que as respostas que eu desejava ouvir, e não obrigatoriamente coincidentes com os fatos reais da história.

Foto 15 – Igreja Nossa Senhora do Rosário

Foto 16 – Praça e casas que ficam na frente da Igreja Nossa Senhora do Rosário

Depois de um bom tempo ali sentado, e quase na hora de ir embora, me desconectei do “Fantástico Mundo de Boby” e decidi a me aventurar em encontrar o Chafariz da Carioca, que nunca consegui achar nestes anos que visito a cidade de Goiás.
Passou um senhor de avançada idade pela Igreja e me disse que era bem ali aos fundos da Igreja, perto da casa de Bartolomeu Bueno. Não acredito, tantos anos indo ali e estava bem embaixo do meu nariz?
Mas quando cheguei lá o local estava fechado para reforma restauradora, mas é aquela “história”: Historiador não sabe ler os avisos de proibições e entrei assim mesmo! Quem mandou deixar o portão destrancado?
Após algumas fotografias fui convidado gentilmente a me retirar do local, afinal, segundo o responsável pela obra, poderia haver algum acidente no canteiro de obras.... mas consegui o que eu queria! Fotografias!
O Chafariz do Largo da Carioca foi a primeira fonte pública de abastecimento de água em Vila Boa. Porém não consegui informações sobre a data exata de sua construção, mas sei que isso remonta o século XVIII.
Descobri que hoje o chafariz é cercado por um complexo de lazer criado pela Prefeitura Municipal conhecido como Poço do Bispo, que é um tradicional ponto de banho no Rio Vermelho. Naquele ponto suas águas se encontram em uma posição anterior a entrada da cidade de Goiás e receba poluição.

Foto 17 – Chafariz da Carioca

Nesta altura eu estava todo empolgado com minha façanha e ousei a encontrar mais um ponto turístico que ninguém sabia me informar, que eu tinha conhecimento por meio de um artigo de um professor da faculdade (Prof. Raul). Tratasse do Palácio da Instrução.
O Palácio foi fundado em 1884, passou a abrigar, em 1930, a Escola Normal Oficial. Nessa época, foi reformado e recebeu elementos da arquitetura neoclássica e eclética. Atualmente o edifício sedia o colégio Prof. Jubé.
O que também me impressionou é que nem o CIT nem mesmo os funcionários do Colégio sabem da história deste edifício! Esta foi outra coisa que inquietou minha alma de historiador! Por qual motivo este palácio tão importante foi apagado da memória dos cidadãos vilaboenses? Por que ele não é tratado com a importância que merece?
É algo que só vou descobrir retornando lá para pesquisar isso mais a fundo!

Foto 18 – Palácio da Instrução

Agora era hora de partir!
Fui ao mercado municipal para faze a ultima refeição em terras históricas de Cidade de Goiás! E com estilo! O Mercado Municipal até hoje funciona de forma muito próxima a do inicio do século XX! Com aquele ar de antiguidade e tranqüilidade de seus freqüentadores!
Pense num almoço bom, farto, com variedades e barato! R$ 8,00 para comer a vontade!
Porem eu não exagero em viagens, afinal, a ultima coisa que quero é uma indigestão para estragar minhas férias!
Aconselho sempre a comer as coisas mais simples e que você esteja habituado a comer no dia a dia! Eu particularmente me restrinjo ao bife com arroz e feijão. Só! Nem salada me aventuro a comer, por que, apesar de estar claramente bem preparada e higienizada, pode haver alguma bactéria que pusesse tudo a perder! Maiosenes? Nem pensar!
E nada de exagero na quantidade também, afinal “pança” cheia dá sono e é um risco a direção! Só dirijo com segurança, apesar de gostar de rasgar as curvas, deitando nelas com a Terezona.
Saí do Centro Histórico, almoçado, as 11:30hs e em poucos minutos pus o bauleto e a bolsa na Terezona!
Armada, Abastecida, Calibrada e Preparada a Terezona estava pronta para pegar o trecho, rumo a Caldas Novas! Hora de voltar para casa.
Saí da cidade as 12:03hs e optei por não parar para fotografar no caminho por que queria chegar ainda de dia em casa. E quem sabe, se desse sorte, pegava pouco transito em Goiânia.
A segunda parte do plano não deu certo!
Quando entrei na Anhanguera, já em Goiânia, por volta das 14:01hs enfrentei um transito “infernal”. Levei mais de uma hora para vencer a Anhanguera!
Quando saí de Goiânia já era 15:25, e enfrentando dores nas mãos de tanto trabalhar as marchas dentro daquela cidade. Sem contar com o calor escaldante que estava fazendo naquele tapete preto de asfalto!
Quando saí já estava encharcado de suor e exausto, mas mesmo assim optei por seguir em frente!
Algum tempo depois não teve jeito, estava com o pulso direito doendo e para minha segurança teria que parar para descançar, hidratar com uma boa água e fazer um alongamento na carcaça!
Optei por parar no Restaurante e Lanchonete Pedra Branca, que é um estabelecimento simples a Beira da BR-153, entre Goiânia e Professor Jamil. Simples porém muito aconchegante e com o melhor pão de queijo com lingüiça do mundo!
Fiquei lá por meia hora aproximadamente e era hora de partir!

Foto 19 – Terezona, descansando e pegando ar

Foto 20 – Hora de retomar a viagem

Agora era a reta final do projeto.
Durante aqueles quilômetros restantes me pus a refletir sobre tantas coisas! Porém a reflexão que mais ocupou minha mente naquele momento foi sobre a habilidade do homem.
Interessante como o homem constrói, coisas que insistem em resistir o tempo, mas que o tempo as vence por meio das forças da natureza. Como as construções e inventos do homem evoluem com o tempo, como algo que era moderno, considerado algo de ponta em um momento em outro já não o é mais...
Parecem questões simples, mas que para mim são um tanto complexas e parecem ser mais complicadas que normalmente parecem ser.
Também refleti na pequenez do homem!
Enquanto pilotava fiquei imaginando que o homem não é NADA no mundo. Como eu me senti pequeno sobre a Terezona. Um ser tão pequeno e frágil, por uma medida de tempo, cortando uma porção de distância do enorme planeta.
Imaginei que bastava um mínimo erro naquela direção para perder a vida.
Como Deus é Grande! Me levou e me trazia de volta em segurança, sem nenhum imprevisto
Ao chegar em Casa, as 17:15, cinco horas e quinze minutos de viagem, olhei para os céus e agradeci a Deus por me proporcionar tão grande presente! Fui e voltei sem imprevistos, são e salvo!
Sem falar que alguns meses atrás passei por aquele acidente que poderia ter inutilizado minha mão e nunca mais voltaria a pilotar uma moto!
Ah, e com história para contar para minha sobrinha Geovana! Espero que um dia ela tenha orgulho desse tio que está construindo histórias para contar para ela, quando um dia ela crescer e entender estas loucuras que nós adultos inventamos de fazer em nosso tempo livre.

Ah, a recepção?

A coisa mais engraçada! Entrei na garagem com um buzinaço e aquela festa toda para mostrar que cheguei bem! Imitando a cena de despedida de Che Guevara e seu amigo sobre a “Poderosa”.
Porem, diferentemente, aqui não tinha ninguém em casa!
Ahahahaha
Que mico!
Minha mãe estava para Goiânia, visitando meu irmão que tinha torcido o pé e eu nem sabia.
Meu pai estava para chácara dele cuidando das plantas...
Mas tudo bem, a aventura valeu uma boa história, não acham?

Vamos aos valores surpreeendentes que fiquei devendo?

Distância Percorrida: 715,2 Kms rodados
Combustível: 22,77 litros
Consumo Médio: 31,49 Km/l
» melhor média: 32,56 Km/l
» pior média: 30,42 Km/l
Preço do Combustível: de R$2,59 a R$2,67
Diária do Hotel: R$30,00
Alimentação: média de R$25,00 ao dia

Somatório de Valores:
Hospedagem e Alimentação: R$ 165,00
Combustível: R$ 61,42
Custo Total: R$ 226,42
(R$ 331,36 a menos que imaginei)

Bem pessoal, aqui encerro meu diário de bordo do Projeto 2010 – Cidade de Goiás.
Porém ainda devo os HDRs, o SlideShow e o Roteiro, que serão postados logo logo!
Quero deixar meu agradecimento a todos que acompanharam minha viagem, a aqueles que oraram para que Papai do Céu me protegesse e principalmente a Deus, que me permitiu realizar mais este sonho!
Agora é me preparar para o próximo! Para mais longe e distante ainda!
Encerro este post com uma frase que usamos lá no serviço: “entramos no território inimigo desconhecido e desembocamos a missão! Passa outra que esta foi fácil!”.

Abraços, fiquem com Deus e até a próxima!
Elias Pinheiro

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